Apropriação turística em Ouro Preto, a questão da identidade cultural e da produção de não-lugares : riscos e desafios.

Abstract

Este trabalho investiga a apropriação turística do centro histórico de Ouro Preto e a produção de "não-lugares", numa perspectiva de análise evolutiva do conceito elaborado por Marc Augé, destacando os riscos e desafios para a preservação da identidade cultural local. O crescimento do turismo, especialmente após a pandemia, trouxe impactos significativos ao cotidiano dos moradores e ao patrimônio da cidade. A vivência no centro histórico e a experiência no setor turístico permitem uma observação direta de como o turismo influencia a vida local, refletindo diretamente no aumento do custo de vida, na transformação das moradias em acomodações turísticas e na saída de moradores do centro. O objetivo principal da pesquisa é entender as transformações ocorridas a partir de 2022, no pós-pandemia, e se o turismo tem alterado a identidade urbana, especialmente em sua morfologia social e cultural, convertendo áreas de valor histórico e cultural em possíveis "não-lugares", caracterizados por espaços que perdem sua essência em função da apropriação e ou padronização. A pesquisa adota uma abordagem metodológica mista, através da análise qualitativa e quantitativa e do estudo de caso, estudo bibliográfico, incluindo em sua operacionalização entrevistas com moradores e turistas, questionários e análise documental e cartográfica. A intenção foi obter a percepção de diferentes agentes envolvidos e propor recomendações para um turismo mais sustentável, que equilibre o desenvolvimento econômico com a preservação cultural. O esperado é que a pesquisa contribua para a compreensão dos impactos do turismo na preservação da identidade urbana e possibilite uma reflexão que valorize os moradores e sua cultura e promovam o bem-estar da comunidade. As recomendações poderão servir como base para políticas públicas que busquem um turismo mais responsável e equilibrado em cidades históricas. As referências utilizadas incluem textos sobre os conceitos de "lugar" e "não-lugar" de Marc Augé, além de estudos e dados relevantes sobre o patrimônio cultural de Ouro Preto, políticas de turismo sustentável e experiência de outra cidade histórica, Paraty, que enfrenta desafios semelhantes relacionados à apropriação turística.