Potencial fotoprotetor de uma formulação tópica contendo a fração butanólica de folhas de Jacaranda mimosifolia.

Abstract

A luz solar participa de processos biológicos essenciais, mas a radiação ultravioleta pode causar danos à pele, como fotoenvelhecimento e câncer. A fotoproteção envolve medidas físicas, químicas e educativas, sendo fundamental desde a infância. Os filtros solares químicos absorvem a radiação por meio de compostos bioativos e passam por um processo fotoquímico, enquanto os físicos a refletem, porém, podem impactar os ecossistemas O uso da nanotecnologia proporciona liberação controlada dos ingredientes, maior estabilidade e potencialização da ação bioativa. Este estudo tem como objetivo desenvolver uma formulação de hidrogel com compostos bioativos e avaliar seu potencial fotoprotetor. Extratos obtidos de partes da planta Jacaranda mimosifolia contém frações ricas em polifenóis, com propriedades antioxidantes e fotoprotetoras. O extrato hidroetanólico a 70% de folhas dessa espécie foi obtido por percolação exaustiva de 640,38 g de folhas secas. O fracionamento com solventes de polaridades distintas (hexano, acetato de etila e butanol) levou à obtenção de 26,65% de fração butanólica, utilizada no desenvolvimento do nanohidrogel. A formulação apresentou valor de escala nanométrica, com tamanho médio de 170 ± 27,70 nm e índice de polidispersão de 0,322 ± 0,033, determinados por análises físico-químicas no Zetasizer ao longo de 60 dias. A estabilidade preliminar demonstrou que a formulação manteve suas propriedades nos testes de centrifugação (3000 rpm por 30 minutos) e estresse térmico, preservando tamanho de partícula e potencial zeta. No teste de temperatura de gelificação, realizado em banho-maria de 18 a 32 °C, a formulação apresentou transição para gel a 24 °C. O fator de proteção solar, avaliado pelo método de Mansur, obteve valores promissores. A fotoestabilidade, analisada por espectrofotometria UV-Vis, demonstrou estabilidade da formulação em diferentes comprimentos de onda e tempos de exposição à luz UV. Os resultados sugerem que o desenvolvimento de formulações com bioativos de fácil cultivo no Brasil representa uma estratégia promissora para ampliar a fotoproteção, reduzir a incidência do câncer de pele e minimizar os efeitos do fotoenvelhecimento.