Corpo trans na escola : processos de institucionalização da transfobia na educação.

Abstract

Este artigo analisa, a partir de uma perspectiva transfeminista interseccional, os processos de institucionalização de violências transfóbicas dentro de espaços educacionais, tendo como aporte as experiências vividas neste contexto, na condição de um corpo trans. A partir da análise de práticas docentes realizadas junto ao PIBID, PRP e NINFEIAS, projetos em que desenvolvi meus estágios de docência do curso de Licenciatura em Artes Cênicas da Universidade Federal de Ouro Preto, traço uma relação entre o silenciamento preocupante das discussões de gênero por e nas instituições de ensino e o papel da escola como reprodutora do poder hegemônico, portanto, mantenedora da transfobia. Ao compreender a história da luta trans no Brasil, arregimento minha argumentação através dos dados levantados pelos últimos dossiês da ANTRA (que reúnem, anualmente, os registros de violências e assassinatos contra pessoas trans no Brasil), relacionando esses números às violências de gênero sofridas ainda na infância, principalmente a partir da entrada da criança na escola. Durante o texto, evidencio, em diálogo com Silva (2023) e Silva et al. (2020), os aspectos da marginalização do corpo trans atrelados às questões de pertencimento identitário propostas nas práticas pedagógicas desenvolvidas. A contextualização de um cistema pautado pela negligência e perseguição às crianças transgêneras, conforme Preciado (2013), e a problemática da expulsão de corpos LGBTQIAP+ dos espaços de ensino, denunciada por Bento (2011), também contribuem com a discussão do tema. Por fim, em acordo com Cid et al. (2019), aponto a representatividade trans e a abordagem da pauta de gênero nas escolas como direção para a construção de espaços de educação inclusivos aos corpos que fujam às normas cisheteronormativas opressoras.