Entre ILE e ILF : praxiologias construídas nas aulas de língua inglesa em uma escola pública na cidade de Mariana - MG.

Abstract

São inúmeros os trabalhos que têm se proposto a discutir o ensino de língua inglesa nas escolas públicas brasileiras nos últimos tempos. Esses trabalhos tendem a criticar o ensino tradicional de língua inglesa normalmente baseado em um ensino estrutural e descontextualizado, focado exclusivamente em regras gramaticais. O presente trabalho se alinha a essas críticas e responde a elas sugerindo uma educação linguística situada e crítica informada pela perspectiva dos letramentos críticos (Menezes de Souza, 2011; Jordão, 2013; Brahim et al, 2021; Silva, Marson, 2022). No que se refere à concepção de língua, partimos da perspectiva da translinguagem (Canagarajah, 2013; García; Wei, 2014) e de inglês como língua franca made in Brasil (Jordão, 2013; Duboc; Siqueira, 2020; Haus, 2024). A partir dessas concepções, esse trabalho tem como objetivo geral implementar práticas de educação linguística crítica em língua inglesa em uma escola pública na cidade de Mariana, MG e como objetivos específicos: a) Investigar a concepção de língua que informa a pesquisadora ao longo do desenvolvimento das atividades; b) Examinar a recepção dos estudantes às discussões trazidas nas aulas; c) Analisar a ampliação crítica das perspectivas dos estudantes sobre o tema estudado a partir das atividades desenvolvidas; e d) Investigar se as atividades criadas e a postura da docente contribuíram para a formação cidadã e a educação linguística dos alunos. Com esses objetivos, esse trabalho propõe uma pesquisa-ação (Brasileiro, 2021), que indica intervenções na realidade escolar, especificamente no ensino de língua inglesa de uma turma do 3º ano do Ensino Médio em uma escola estadual do Município de Mariana – MG. O material de análise foi gerado por meio de diários de campo, relatório de estágio e áudios da pesquisadora gravados após as aulas. Os resultados apontam que os estudantes cultivavam uma perspectiva monolíngue de língua - quando está vinculada à ideia de uma língua = uma cultura = uma comunidade - além de um entendimento de língua como pura e não plural. Levando em conta a concepção translíngue de língua adotada nesta pesquisa-ação - prática social, plural, não transparente - percebemos que os estudantes conseguiram compreender a diversidade linguística existente: os diferentes ingleses existentes no mundo e as variadas formas de falar de cada sujeito, tudo isso partindo das atividades propostas pela pesquisadora, que se posicionou diante das discussões trazidas pelos estudantes. Também, os estudantes compreenderam, a partir das discussões, que a língua muda com o tempo, bem como é diversa.