Caracterização espectral das cangas ferruginosas e quartzitos dos campos rupestres da Serra da Brígida, Quadrilátero Ferrífero, Ouro Preto, Minas Gerais.

Abstract

O Quadrilátero Ferrífero (QFe), importante província mineral localizada no centro-sul de Minas Gerais, destaca-se por abrigar campos rupestres sobre formações quartzíticas e ferruginosas. A pressão sobre essas áreas e a consequente degradação desses ecossistemas tendem a acompanhar a expansão da mineração. Diante desse cenário, compreender detalhadamente esses ambientes é essencial para promover a recuperação ou restauração dos ecossistemas e suas funcionalidades. O sensoriamento remoto surge como uma ferramenta eficaz para a obtenção de dados precisos da superfície terrestre, sem a necessidade de contato físico entre sensor e alvo. A espectrorradiometria, por sua vez, permite caracterizar alvos com base na interação da radiação eletromagnética (REM) com suas superfícies, em comprimentos de onda específicos, possibilitando, no caso de rochas e solos, a identificação mineralógica e a caracterização físico-química a partir de curvas espectrais detalhadas. Para o desenvolvimento deste trabalho, foi escolhida a região da Serra da Brígida, com o objetivo de produzir bibliotecas espectrais de solos e rochas dos campos rupestres ferruginosos e quartzíticos, utilizando um espectrorradiômetro de campo. A fim de aprimorar a interpretação das feições de absorção das curvas espectrais, foram realizadas análises geoquímicas e de difração de raios X (DRX), que auxiliaram na identificação dos elementos e minerais responsáveis por essas feições. O objetivo principal de construir bibliotecas espectrais foi alcançado com sucesso. A integração dos dados espectrais com as análises geoquímicas e de DRX reforçou a interpretação mineralógica das amostras, identificando, por exemplo, caulinita, illita, montmorillonita, gibbsita, quartzo, muscovita e hematita como principais minerais presentes. Esses resultados contribuem para o avanço do conhecimento sobre os campos rupestres da Serra da Brígida e oferecem uma base sólida para aplicações futuras em monitoramento ambiental e pesquisas relacionadas. De modo geral, a criação de bibliotecas espectrais colabora para o avanço do conhecimento necessário à recuperação de áreas degradadas, ao mesmo tempo em que fornece dados técnicos consistentes para uma gestão mais eficiente e para a aplicação da metodologia na prospecção mineral.