Racismo linguístico e o ensino de língua portuguesa : percurso teórico e contribuições de pesquisas.

Abstract

Esta pesquisa visa investigar como o racismo linguístico se manifesta no ensino de língua portuguesa e como a linguagem pode atuar tanto na perpetuação das desigualdades raciais quanto como ferramenta de resistência e transformação social. A pesquisa parte da compreensão de que a língua não é neutra, mas reflete relações de poder, marginalizando variedades linguísticas associadas a grupos racializados, especialmente a população negra e periférica. Como metodologia, o estudo adota uma abordagem qualitativa, baseada em revisão de literatura e análise documental, considerando documentos como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (LDB). São analisados, via revisão bibliográfica de pesquisas sobre a temática, discursos escolares, materiais didáticos e contribuições teóricas de autores como Gabriel Nascimento, Marcos Bagno e Lélia Gonzalez, que discutem o preconceito linguístico e suas implicações na educação. Os resultados indicam que o racismo linguístico está presente no ambiente escolar tanto nas práticas pedagógicas quanto na invisibilização de determinadas variedades linguísticas nos materiais didáticos. A desvalorização da oralidade e dos falares populares contribui para a exclusão de alunos negros, reforçando desigualdades educacionais. Embora a BNCC reconheça a diversidade linguística, ainda há lacunas na implementação de um currículo verdadeiramente antirracista. Para enfrentar esse problema, a pesquisa propõe estratégias como a valorização das variações linguísticas, a inclusão de literaturas afro-brasileiras e africanas no ensino e na formação docente voltada para a desconstrução do preconceito linguístico.