Associação entre estado nutricional e sobrevida em pacientes com câncer colorretal.

Abstract

O câncer colorretal (CCR) acomete o cólon e/ou o reto e encontra-se entre os três tipos de neoplasias mais frequentes, além de ser a segunda maior causa de mortes por câncer no mundo. A desnutrição é um dos distúrbios nutricionais mais frequentes em pacientes com CCR, afetando diretamente a qualidade de vida, a resposta ao tratamento e a sobrevida. Este estudo teve como objetivo verificar a associação entre estado nutricional e sobrevida em longo prazo (10 anos) de pacientes com CCR. Foi realizado um estudo prospectivo com 84 pacientes maiores de 18 anos, diagnosticados com CCR entre 2013 e 2016 e que foram acompanhados no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Os métodos utilizados para a avaliação do estado nutricional foram Avaliação Global Subjetiva (AGS), índice de massa corporal (IMC), circunferência do braço (CB), circunferência muscular do braço (CMB), dobra cutânea tricipital (DCT), percentual de perda de peso (PP%) e dinamometria manual (DM). Para a análise estatística, foi utilizado o estado nutricional dos pacientes de acordo com a AGS, os quais foram agrupados em nutridos e desnutridos. Foram excluídos da amostra para análise de sobrevida os pacientes para os quais não foi possível verificar o óbito. O cálculo do tempo de sobrevida foi realizado a partir do intervalo entre a data da primeira avaliação e a data final de seguimento em 2023. As análises foram realizadas no programa SPSS® Statistics (versão 20), considerando um nível de significância de 5% (p<0,05). A maioria dos pacientes avaliados (52,4%) estavam desnutridos, conforme a AGS, no momento da internação. No período de 10 anos, a média de sobrevida de pacientes nutridos foi de 98,2 ± 8,6 meses, enquanto a de pacientes desnutridos foi de 63,9 ±10,8 meses. Entretanto, o estudo não encontrou associação estatisticamente significativa entre o estado nutricional e o tempo de sobrevida dos pacientes com CCR (p=0,052). Contudo, é amplamente reconhecido que o estado nutricional pode impactar diretamente no tratamento e na qualidade de vida do paciente oncológico, por isso, é fundamental identificar deficiências nutricionais de forma precoce, permitindo a aplicação de intervenções adequadas para otimizar o prognóstico e a recuperação desses pacientes.