35 anos da primeira carta geotécnica de Ouro Preto : uma análise do seu legado.

Abstract

As cartas geotécnicas são ferramentas importantes no planejamento territorial, uma vez que conjugam dados naturais e por vezes antrópicos, incluindo fatores geológicos, hidrogeológicos e associados à dinâmica superficial fornecendo à população e aos órgãos competentes informações imprescindíveis no que concerne ao risco geológico da região. A cidade de Ouro Preto possui um histórico recorrente de acidentes geológico-geotécnicos vinculados à conjunção das condições climáticas, geológicas e de uso e ocupação do solo. A primeira Carta Geotécnica de Ouro Preto, elaborada por Carvalho em 1982, teve como motivação o elevado número de escorregamentos de solo e rocha suscitados pelas condições de intensa pluviosidade no ano de 1979. Dessa forma, o autor elaborou uma Carta Geotécnica de zoneamento urbano que teve como objetivo a definição de níveis hierárquicos de suscetibilidade em termos de estabilidade de encostas e foi gerada pela interpolação da Carta de Declividade e da Carta de Qualidade de Terrenos. Utilizando o inventário de movimentos gravitacionais de massa, 695 pontos foram sobrepostos aos mapas litológicos, de bairros e às cartas geotécnicas elaboradas por Carvalho (1982) e Fontes (2011). Dessa forma, analisou-se os grupos e formações geológicas e as regiões dentro do município com a maior incidência de eventos, bem como o acerto dos zoneamentos de suscetibilidade conforme a quantidade de acidentes registrados por área. De acordo com os índices de densidade de movimentos de massa calculados para as Cartas de Suscetibilidade de Carvalho (1982) e Fontes (2011), os resultados corroboram a proposta dos autores, uma vez que indicam uma menor concentração de movimentos de massa nas áreas consideradas como de menor suscetibilidade e maiores índices nas suscetibilidades mais elevadas.