Lutas no currículo dos cursos de licenciatura em Educação Física : cenário dos planos de ensino das universidades públicas do estado de Minas Gerais.

Abstract

Este trabalho investigou como as lutas estão inseridas nos planos de ensino das disciplinas dos cursos de licenciatura em Educação Física ofertados por universidades públicas federais do estado de Minas Gerais. O objetivo principal foi analisar se tais planos estão alinhados às diretrizes propostas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e se colaboram de maneira efetiva com a formação inicial de professores para o ensino das lutas na educação básica. A pesquisa tem abordagem qualitativa, de caráter exploratório, e baseou-se em duas estratégias metodológicas: levantamento bibliográfico e análise documental. Foram analisados planos de ensino disponibilizados por cinco Instituições de Ensino Superior (IES) do estado, selecionadas com base no critério de acessibilidade às informações. A técnica utilizada para o tratamento dos dados foi a análise de conteúdo, conforme proposta por Bardin (2016), possibilitando a categorização dos conteúdos presentes nas ementas e programas das disciplinas. A análise permitiu identificar sete categorias temáticas predominantes: fundamentos e história, aspectos técnicos, didática e metodologia, desenvolvimento humano, modalidades diversificadas, ética e valores, e regras. Os dados revelam uma predominância de abordagens centradas na técnica e na execução de movimentos, com foco em modalidades como judô, karatê, taekwondo e capoeira. Observou-se uma escassez de estratégias pedagógicas que promovam reflexão crítica, construção de valores, análise sociocultural ou protagonismo estudantil, aspectos esses destacados na BNCC como essenciais para o ensino das práticas corporais. Embora os planos demonstrem a presença do conteúdo “lutas” na formação inicial, ainda se verifica um distanciamento das diretrizes contemporâneas que valorizam a diversidade cultural, a dimensão ética e a compreensão das lutas como práticas sociais e educativas. Conclui-se que, apesar dos avanços na inclusão das lutas nos currículos dos cursos de licenciatura em Educação Física, persiste uma abordagem tradicional, técnico-executiva, pouco integrada às propostas formativas da BNCC e às necessidades da escola pública. Diante disso, destaca-se a urgência de revisão curricular nos cursos de formação docente, com vistas a incorporar metodologias que permitam aos futuros professores desenvolverem práticas pedagógicas mais críticas, plurais e comprometidas com a formação cidadã. O estudo aponta, portanto, a importância de articular o ensino das lutas às dimensões culturais, sociais e históricas, superando a ênfase exclusiva na performance e contribuindo para uma Educação Física escolar mais inclusiva e significativa.