Consumo de bebidas açucaradas e seus determinantes em estudantes universitários: estudo PADu.

Abstract

Introdução: O elevado consumo de bebidas açucaradas tem sido relacionado com desfechos negativos em saúde, principalmente em estudantes universitários, uma vez que este ambiente favorece a adoção de estilo de vida não saudáveis, tornando-os mais susceptíveis a práticas alimentares inadequadas. Objetivo: Avaliar a prevalência do consumo de bebidas açucaradas e seus fatores associados entre estudantes dos cursos de graduação da área da saúde. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, realizado com estudantes dos cursos de graduação presenciais da área da saúde de três Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) de Minas Gerais. Os dados foram coletados por meio de um questionário online autoaplicado. A variável desfecho do estudo foi “consumo de bebidas açucaradas”, obtida por meio de dois itens da escala desenvolvida e validada por Gabe e Jaime (2019) para indivíduos adultos. As variáveis explicativas foram agrupadas em três blocos: características sociodemográficas, estilo de vida e condições de saúde. As variáveis foram descritas por meio da distribuição de frequência e a relação entre as variáveis explicativas e o desfecho foi realizada pelo teste de Qui-Quadrado de Pearson. Resultados: A amostra foi composta por 316 estudantes, sendo que 70,9% era do sexo feminino, 75,9% tinham idade menor ou igual a 24 anos, 68,7% residiam sem os familiares e 87,7% não tinham trabalho remunerado. Com relação a renda familiar, pouco mais da metade (50,6%) relatou renda superior a quatro salários mínimos. A prevalência do consumo de bebidas açucaradas foi relatada em 69,0%, sendo que as maiores prevalências foram observadas no sexo masculino (70,6%) e entre estudantes do curso de Fisioterapia (83,8%). Observou-se que praticar atividade física [RP=0,77 (IC95%: 0,67-0,89)], consumir frutas no café da manhã [RP=0,74 (IC95%: 0,63-0,87)] e variar o consumo de feijão por outras leguminosas, como ervilha, lentilha ou grão de bico [RP=0,68 (IC95%: 0,52-0,88)] foram consideradas fatores de proteção para o desfecho, enquanto morar com familiares [RP:1,17 (IC 95%: 1,01-1,36)], ter comportamento sedentário [RP=1,29 (IC95%: 1,12-1,51)], adicionar açúcar em café ou chá [RP=1,44 (IC95%: 1,20-1,74)], substituir as grandes refeições por lanches [RP=1,31 (IC95%: 1,13-1,51)], beliscar entre as refeições [RP=1,34 (IC95%: 1,14-1,58)], frequentar restaurantes de fast-food e lanchonetes [RP=1,64 (IC95%: 1,37-1,96)], consumir balas, chocolates e guloseimas [RP=1,63 (IC95%: 1,26-2,09)], autoavaliar a saúde como ruim [RP=1,16 (IC95%: 1,01-1,34)] e ter excesso de peso [RP=1,21 (IC95%: 1,04-1,39)] foram associados positivamente a fatores de risco. Conclusão: O presente estudo observou uma elevada prevalência do consumo de bebidas açucaradas e que ter um estilo de vida mais saudável é protetor para o consumo de bebidas açucaras enquanto o estilo de vida inadequado foi associado como risco para o consumo dessas bebidas entre estudantes universitários, enfatizando a importância da promoção de saúde neste ambiente.