Associação do uso de mídias sociais com o comportamento alimentar e o risco de transtornos alimentares e nutricionais em estudantes universitários.

Abstract

O uso de mídias sociais e sua influência sobre jovens universitários parece estar associado ao risco de desenvolvimento de transtornos alimentares. No entanto, pouco se conhece sobre sua associação com os comportamentos alimentares, comportamentos chaves em seu desenvolvimento. O presente estudo teve como objetivo avaliar a associação do uso de mídias sociais com o comportamento alimentar e deste com o risco de desenvolvimento de transtornos alimentares em estudantes universitários da Universidade Federal de Ouro Preto. Recorreu-se a uma amostra composta por 245 participantes, com idades compreendidas entre 19 e 47 anos. Os protocolos de avaliação utilizados foram os questionários sociodemográficos, com medidas antropométricas autorrelatadas (Índice de Massa Corporal), uso mídias sociais (Instagram e Facebook), através do Internet Addiction Test, da manipulação e investimento em edição de fotos. O risco de desenvolvimento de transtornos alimentares foi avaliado por meio do Eating Attitude Test - 26, e para a avaliação do comportamento alimentar foi utilizado Dutch Eating Behaviour Questionnaire. Os resultados evidenciaram que indivíduos que possuíam Instagram (mas não Facebook) apresentaram maiores escores de comer emocional e por externalidades. Todos os escores de comportamento alimentar avaliados estiveram associados com o índice vício na internet, a manipulação e o investimento em fotos. No entanto, após ajustes por sexo, idade e índice de massa corporal, apenas o índice de vício na internet esteve associado ao comer emocional e por externalidades. Todos os comportamentos também se correlacionaram ao risco de transtorno alimentar. Este também esteve relacionado ao sexo feminino e ao excesso de peso. Conclusão: O uso vicioso de internet está associado a comportamentos alimentares disfuncionais em estudantes universitários, e o aumento destes se correlaciona ao aumento do risco de transtorno alimentar.