Identidade e relações étnico-raciais : as contribuições das práticas pedagógicas no processo de construção da identidade de crianças negras na educação infantil.

Abstract

Este estudo analisa as contribuições das práticas pedagógicas no processo de construção da identidade de crianças negras na Educação Infantil, a partir da abordagem de aspectos conceituais sobre identidade negra, relações étnico-raciais e práticas pedagógicas na educação infantil, elaborados por Gomes (2002; 2017), Franco (2016), Cavalleiro (2018) e Almeida (2019). Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa, realizada a partir do levantamento, leitura e análise de artigos, em periódicos nacionais, que versam sobre as relações raciais na educação infantil e seus desdobramentos na socialização e na construção identitária das crianças, publicados a partir de 2013. O recorte considerou a primeira década da promulgação da Lei 10.639/03 que trata da obrigatoriedade do ensino de história e cultura africana e afro-brasileira nas instituições de ensino. Esse estudo considera, ainda, que enquanto etapa inicial da educação básica, a educação infantil torna-se um espaço privilegiado para socialização de diferentes sujeitos. Reconhecendo o racismo enquanto elemento estruturante da sociedade brasileira e atuante na formação de subjetividades, interferindo na construção identitária dos sujeitos, questiona-se a influência das práticas pedagógicas em creches e pré-escolas sobre a forma como as crianças negras assimilam as informações e os elementos que permeiam esse espaço e constroem sua identidade. O estudo permitiu verificar que práticas racistas e preconceituosas que se manifestam no ambiente escolar, atuam de modos distintos sobre a percepção das crianças, principalmente pelo binarismo branco/negro, sendo que, para crianças negras promovem a construção de uma identidade pautada em aspectos e representações negativas sobre o seu pertencimento étnico-racial, demonstrado pelo sentimento de inferioridade, recusa de suas características físicas, como a cor da pele e o cabelo, baixa autoestima e anseio pela modificação de seu corpo e sua cor. Verificou-se, ainda, que a partir da Lei 10.639/03 começaram a surgir rupturas de posturas, concepções e práticas preconceituosas no contexto educacional, na medida em que promovem-se ações para a educação das relações étnico - raciais, principalmente por meio da literatura infantil africana e afro-brasileira.